suas afeições

Eu andava distante mas não daqui. Tava dando um tempo pra balancear certos pensamentos, certos conceitos, certas idéias que fluía na minha cabeça. Usei disso que chamam de férias pra ver novos lugares, novas pessoas, sentar-me em novas mesas e ouvir relatos de tempos bons. Gosto de sair de fininho e chegar de supetão, saber no que ando falhando ou acertando. Certas pessoas me recebem com sorrisos, outras com rugas na testa; não me pergunte qual dessas maneiras eu prefiro, já deu bem pra perceber que gosto do que foge do cotidiano. 

Sim, sim prefiro as rugas, elas delimitam e descrevem as expressões mais do que qualquer sorriso branquinho, ou manchados de batom; talvez prefiro as rugas por estarem mais próximas dos olhos e complementando “são o espelho da alma”, eles me respondem perfeitamente a falta que fiz ou o favor que desfiz de ter me saído sem avisar. Sorrisos são como contratos, estão sempre entrando em contradição e sendo quebrados, vem sempre manchados do flúor do cotidiano ou enfeitados dos restos do dia-a-dia, já me enganei diversas vezes com eles. Os olhos não, são sempre sinceros acabam deixando escapar o que se passa dentro da alma, talvez seja por isso que nunca sei o que se passa na tua, já que nunca te vejo de perto, nunca investigo teus olhos, nunca sei dos teus segredos, muito menos analiso as rugas que talvez à em tua testa.

(Ilana Odorico)