Eu queria muito poder ajudá-lo, sinto muito em não ter super-poderes
ou alguma dessas divindades para te curar. Você sofre pela tortura e pela
doença, já eu sofro pela minha falta de capacidade e por simplesmente ter que ver
seu fim se esvaindo nos teus últimos gestos de vida, vida na qual nem sei se
ainda chamo de vida.. vida tirana, insana e que engana; vida que só te trouxe
dor, angustia e dias sem um pingo de paz.
Aos olhos dos outros esse meu relato possa parecer uma
indelicadeza, uma hipocrisia, mas não tenho culpa sofro tanto quando você e
meus braços estão atados e não tenho como fazer nada para amenizar tua dor, a
cada dia que passa suas crises aumentam e com mais freqüência, a hora e os
intervalos entre elas se diminuem, e a única coisa que me faz aliviar essa dor
de te ver assim é escrever e escrever.. É que parece que escrever me traz uma
forma de alivio, de anestésico.
Quero mesmo saber ate quando vou ter que ficar aqui
enfrentando essa vida, relatando a tua vida e tuas crises sofridas, buscando a
esperança de que um dia o vento sopre novamente ao teu favor, e que eu consiga
terminar esses relatos sem que eu tenha que presenciar os teus últimos sopros
de vida e só ter que sentir saudades e falta dessa tua vida que foi tão mal
vivida.
(Ilana Odorico)
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