É sempre assim não é!? A principio se conhecem por um amigo em comum, daí você troca nomes, e-mails, endereços e telefones. Então você já deixa bem claro “sou uma pessoa extremamente chata, e você não vai gostar”. Mas enfim, matem o contato, conversam por um bom tempo, desfrutam de coisas e risos juntos, trocam displicências e experiências, são cativos e viram amigos, isso tudo etapa do comprimento.
Então chega a parte do conhecer, marcam um encontro no meio
dos amigos, brincam como se fossem inimigos e riem do quão foi bom a experiência
de se conhecerem, e descobrem que podem ser amigos e que podem até trocar
carinhos. E então concluem que aquela frase “sou uma pessoa extremamente chata,
e você não vai gostar”, não é nada mais nada menos que “sou uma pessoa extremamente
adorável, e você vai sempre gostar”.
E assim vem a parte do envolver. Se colocam no lugar um do
outro, estão ligados um ao outro, já gostam um do outro e desejam um o outro. Isso
tudo na parte do envolver.
Bom, então vamos para a parte do perecer. Iram marcar um
segundo encontro, dessa vez em um lugar qualquer quem sabe no cinema ou no
café. Mas sem outros amigos por perto e
com os corações bem mais abertos. Chegamos então na etapa final, em que os dois
ficaram sozinhos. Sozinhos, mas rodeados de um bocado de gente, quem sabe na
mesa do café ou no sofá do cinema, naquela altura do campeonato o lugar já não
importa, o café não importa, o filme não importa. Nada mais importa.
Os olhos já estão fitados, os narizes roçados, e lábios encaixados.
A única coisa que resta é deixar o momento os levar, a pouca luz se pagar e as
mãos se envolver. E por um estalar de segundos o coração vai parar de bater, e
depois vai correr, a mão vai soar, os braços arrepiar, e as pernas tremer. E então
você não vai ter pra onde fugir, e só vai ter que reagir. E vão se envolver, durante
o beijo tudo vai perecer, passaram mil borboletas no céu, no chão, estomago e
coração. Abriram seus olhos com ternura, acariciarão seus rostos com os olhos
ainda fitados e testas grudadas, e sentirão a respiração que já não se sabe de quem é ou não, e com os
olhos se perguntarão “onde vamos nos esconde?”
Porque as pessoas vão se levantar, e nos olhar, o café
esfriar e o filme acabar.
(Ilana Odorico)