Lembra daquela vez em que nossos conceitos entraram em
atritos, e eu me encaixei perfeitamente na expressão “a ver navios”!? Lembro-me que no
mesmo dia você me prometeu nunca mais deixar-me naquele estado sem fim. E o que
hoje você fez!? Deixou que isso se repetisse mais uma vez, mais desta vez eu
não vi só os navios, vi também toda a imensidão do mar a minha a frente. Passou
um turbilhão de coisas na minha cabeça, eu não sabia se tirava o pé de dentro
d’água, ou o deixava mergulhar de vez. As idéias passavam como vultos
imprecisos.
O fato não foi você ter deixado eu ter dado as costas, e
sim você não estar ali ao meu lado de mãos postas. Chegou a hora da minha partida, por varias vezes inclinei
meus olhos sobre os ombros para ter a certeza se realmente você não viria
atrás. Mais nada... Nada de sua imagem, nada aparecia. Me fluiu os momentos
mais esperançosos e angustiosos que me podia surgir. Enfim novamente a hora da
minha real partida, e avistei de longe a tua imagem naquela calmaria, mais meus
pés só se puseram a prosseguir em frente, e sem você.
Lembro-me que um tempo após você veio e me perguntou
por que eu não havia te esperado, se eu não havia te avistado. E eu disse que não te esperei pois tu me deixaste sozinha no momento em
que mais te precisei, e talvez ate te avistei mas breve, talvez porque você
deixou meus olhos rasos d’água, e embaçado foi apenas o que te avistei.
(Ilana Odorico)
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